O segundo episódio de “O Teatro das Tesouras” se concentra na eleição presidencial de 1994, focando na disputa entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB). No início, Lula, já um nome forte após a eleição de 1989, despontava como favorito, com o PT confiante em sua vitória e até mesmo escolhendo ministros.

A situação econômica do país, ainda presa em um ciclo inflacionário após o fracasso dos planos Collor e Itamar Franco, colocava a solução da crise econômica como a principal prioridade do eleitorado. É nesse cenário que entra em cena Fernando Henrique Cardoso, então Ministro da Fazenda do governo Itamar.

O Plano Real, concebido pela equipe de FHC, surge como a grande virada na corrida eleitoral. Com medidas como o ajuste fiscal, aumento de impostos e a introdução da nova moeda, o Real, o plano consegue conter a inflação e aumentar o poder de compra da população. O sucesso do plano impulsiona a popularidade de FHC, que se demite do cargo de Ministro para concorrer à presidência pelo PSDB, partido que, ironicamente, no ano anterior cogitava uma aliança com Lula.

A partir daí, a disputa se acirra. Enquanto Lula e o PT criticavam o Plano Real, afirmando que não se sustentaria e que o PSDB não tinha interesse na estabilidade econômica, FHC capitalizava o sucesso do plano, consolidando sua imagem como o candidato da estabilidade. A campanha eleitoral é marcada por ataques e acusações de ambos os lados.

O sucesso do Plano Real e o aumento do poder de compra da população se mostram decisivos. FHC assume a liderança das pesquisas, enquanto Lula vê suas chances diminuírem. Apesar de crises e denúncias de corrupção envolvendo ambos os candidatos e seus vices, FHC mantém a dianteira.

Um dos momentos mais marcantes da campanha é o episódio conhecido como “grama do Alvorada”, onde uma conversa de FHC sobre o Plano Real é gravada e divulgada, gerando acusações de que o plano estaria sendo usado como propaganda eleitoral. Apesar da polêmica, a popularidade de FHC se mantém inabalada.

A eleição de 1994 culmina com a vitória de FHC no primeiro turno, com 54% dos votos contra 27% de Lula. A vitória marca o início do que o documentário chama de “socialismo fabiano” no Brasil, consolidando o PSDB como uma força política dominante e abrindo caminho para a reeleição de FHC em 1998. O documentário retrata a eleição de 1994 como uma disputa crucial na história política brasileira, marcada pela força do Plano Real e pela polarização entre PT e PSDB, uma dinâmica que se estenderia pelas próximas décadas.