O terceiro episódio de “O Teatro das Tesouras” se passa durante a eleição presidencial de 1998, marcada pela disputa entre a crise econômica e a busca pela estabilidade conquistada pelo Plano Real. Fernando Henrique Cardoso (PSDB), buscando a reeleição, enfrentaria novamente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além de Ciro Gomes (PPS) como candidato da terceira via.

No final de seu primeiro mandato, FHC toma uma decisão polêmica: a privatização do sistema telefônico, como parte de sua aproximação com líderes mundiais como Tony Blair e Bill Clinton. Essa decisão gera forte oposição do PT, que usa o medo da população de que os pobres perderiam o acesso ao telefone como mote de campanha, mesmo que o acesso à telefonia já fosse limitado.

O contexto da eleição era de ansiedade e incerteza, com o medo da volta da inflação e os efeitos das crises internacionais (mexicana, asiática e russa). Essa instabilidade econômica se torna o principal tema da eleição, colocando em xeque a continuidade do Plano Real.

FHC aposta na estabilidade proporcionada pelo Plano Real como seu principal trunfo, argumentando que a crise era um reflexo da instabilidade internacional e que o Brasil estava no caminho certo. Lula, por sua vez, mantém seu discurso de mudanças radicais, prometendo reforma agrária, social e trabalhista, repetindo as promessas de campanhas anteriores. Ciro Gomes tenta se destacar focando no desemprego e na necessidade de novas estratégias para superar a crise, mas sem grande aprofundamento em suas propostas.

A campanha de 1998 é marcada pela falta de debates. FHC se recusa a participar, alegando a necessidade de focar na crise econômica. Essa estratégia, aliada à sua presença constante na mídia como presidente em exercício, garante a FHC grande visibilidade, enquanto seus adversários se limitam ao horário eleitoral gratuito.

A vitória de FHC no primeiro turno, com 53% dos votos, demonstra a força do Plano Real e o desejo da população por estabilidade. Lula, com 31%, e Ciro, com 10%, não conseguem ameaçar a reeleição de FHC.

Apesar da vitória, o segundo mandato de FHC é marcado por desafios. A desvalorização do Real, a inflação ressurgente e a necessidade de recorrer ao FMI evidenciam a fragilidade da economia brasileira. Soma-se a isso os apagões de 1999 e 2002, que geram grande desgaste para o governo.

O PT intensifica sua oposição, com 13 pedidos de impeachment contra FHC, mas sem sucesso. Ao final de seu segundo mandato, a popularidade de FHC está em baixa e ele se torna inelegível. A eleição de 1998 marca o fim de uma era e abre caminho para a ascensão de novos líderes em 2002.