Forum da Liberdade 2019: Olavo de Carvalho

Após 14 anos de ausência, Olavo de Carvalho retorna ao palco do Foro da Liberdade em 2019, não para celebrar uma vitória, mas para alertar sobre os perigos de uma “missão cumprida” antes da hora. O filósofo, reconhecido como uma das mentes por trás do movimento que levou Jair Bolsonaro à presidência, tece duras críticas ao establishment político e militar, desconstruindo mitos e convocando a sociedade civil a assumir um papel protagonista na construção de um futuro genuinamente livre.

Olavo inicia sua fala reconhecendo a importância histórica do Foro da Liberdade como um dos poucos espaços no Brasil que, por muitos anos, abrigou o debate livre e plural, em contraste com o ambiente universitário e midiático dominado pela esquerda. Ele critica a incapacidade da intelectualidade brasileira de compreender suas ideias, limitando-se a ataques pessoais e distorções grosseiras de seu pensamento.

A partir daí, Olavo desfere um golpe demolidor em um dos pilares da narrativa dominante: a dicotomia entre a “esquerda progressista” e a “direita fascista”. Ele argumenta que ambos os lados se baseiam em “adesões sentimentais” desprovidas de fundamento histórico, aprisionando o debate em um “fundo falso” que impede a compreensão da realidade.

Para Olavo, o regime militar, longe de ser um “salvador da pátria”, contribuiu para a ascensão do “esquema tucano-petista” que “corrompeu o país até a base”. Ele aponta para a formação positivista das Forças Armadas, que prioriza a “administração científica” em detrimento da discussão política, abrindo caminho para o avanço do estatismo e do autoritarismo.

Olavo denuncia o papel nefasto do “mito do bacharel” na cultura brasileira, onde o diploma se sobrepõe ao conhecimento e a “opinião de Facebook” substitui o debate profundo e nuanceado. Ele conclama o público do Foro da Liberdade a inaugurar uma “nova era de discussão sensata”, livre de “partidarismo emocional”, reconhecendo os erros do passado e construindo um futuro com base no conhecimento e na verdade.

Para Olavo, a “hegemonia cultural” da esquerda não se limita ao controle da mídia e das universidades, mas se estende à própria linguagem, moldando a percepção da realidade e limitando o horizonte do pensamento. Ele destaca sua contribuição na “destruição” dessa hegemonia, recuperando autores e ideias marginalizadas pelo establishment, abrindo espaço para o surgimento de uma “nova direita” no Brasil.

No entanto, Olavo adverte contra a ilusão de que a vitória eleitoral de Bolsonaro representa a derrota definitiva da esquerda. Ele critica a falta de “perspectiva de poder” da direita, acomodada em posições “anti-liberais” e “antidemocráticas” que impedem a construção de um projeto de longo prazo.

Olavo finaliza sua fala com uma mensagem clara e contundente: a revolução não acabou, a luta continua e a responsabilidade pela construção de um Brasil livre e próspero está nas mãos da sociedade civil. O Foro da Liberdade, mais do que nunca, se torna um palco para essa batalha de ideias e valores, um farol na escuridão da confusão e da mentira.